Comícios, santinhos e tiros. A escalada da violência foi marca das eleições para prefeitos e vereadores deste ano no Rio. Entre janeiro a outubro, 25 lideranças políticas e seus familiares foram vítimas de homicídio, de acordo com levantamento do Observatório da Violência Política e Eleitoral da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (GIEL/UNIRIO). O laboratório estuda a violência na democracia brasileira desde 2019.
Segundo o boletim, os casos são mais expressivos com candidatos a cargos locais – sobretudo vereadores em municípios fluminenses – estas são as lideranças mais vitimadas nos últimos tempos. Vale lembrar que, em setembro o candidato a vereador João Fernandes Teixeira Filho foi morto a tiros no bairro Cacuia, em Nova Iguaçu. Em julho, Juliana Lira de Souza Silva e o filho foram alvejas no bairro Comary. Ela ainda era pré-candidata a vereadora.
Em análise, o cientista político Pedro Bahia pontua que a proximidade das disputas eleitorais marcam aumento expressivo da violência. “Sejam nacionais, estaduais ou municipais, todas apresentam aumento de casos de violência política. Mas, as eleições municipais preocupam ainda mais, porque envolverem mais atores políticos e a disputa do poder local costuma ser mais violenta. Eles são os mais expostos a ataques, sobretudo durante a campanha”, destaca o pesquisador do Observatório.
Ainda sim, na disputa pela cadeira do executivo em Belford Roxo, o clima estava tão pesado que o deputado estadual – e prefeito eleito – Márcio Canella foi flagrado portando uma arma na cintura durante um evento de campanha.
Violências, no plural
Os dados mostram ainda, que até outubro foram 72 ocorrências de algum tipo de violência registradas no estado do Rio, um aumento de 75% em comparação com o pleito municipal de 2020. Os episódios de violência física – categoria que inclui o homicídio – foram os mais expressivos e recorrentes, representando metade do casos contabilizados até a última segunda (21). Foram mapeados também: 14 casos de violência psicológica, 11 de violência econômica, 10 de violência semiótica, e um caso de violência sexual.
*A metodologia do Observatório da Violência Política e Eleitoral foi aprimorada ao longo dos anos, permitindo captar mais e diferentes modalidades de violência. Em 2020, por exemplo, o cenário da pandemia trouxe desafios únicos, que influenciaram os dados do período. Ainda assim, em comparação dos levantamentos, é possível identificar tendências de agravamento na violência eleitoral que se intensificam em 2024.