O governador Cláudio Castro (PL) exonerou, no Diário Oficial desta quarta-feira (23), o presidente do Departamento de Transportes Rodoviários (Detro), Leonardo de Lima Matias. Em depoimento prestado à CPI dos Serviços Delegados da Assembleia Legislativa, em maio do ano passado, Leonardo declarou que estava no cargo “por indicação da família Reis, mais precisamente, do deputado Rosenverg Reis”.
O mais notório integrante da família Reis, o agora ex-secretário estadual de Transportes Washington Reis, foi demitido no último dia 3, pelo presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar (União). Bacellar ocupava o cargo de governador em exercício, enquanto Castro viajava ao exterior. A exoneração provocou um terromoto político que chegou até à família Bolsonaro.
Ainda que irritado com a decisão tomada em sua ausência, o governador manteve a exoneração.
Presidente do Detro estava na mira da tropa de choque da Alerj
Na última sessão do primeiro semestre legislativo, Leonardo havia sido convocado, assim como Washington Reis, para depor na CPI da Transparência logo após o recesso. Ele estava na mira dos deputados Rodrigo Amorim (União), Filippe Poubel (PL) e Alan Lopes (PL), que formam a tropa de choque de Bacellar na Assembleia.
Por coincidência, ou não, Castro fará uma cerimônia, hoje, para lançar, com pompa e circunstância, o Estatuto das Blitzes — projeto que é a menina do olhos dos mesmos deputados.
É afago que chama, não?

Castro preferiu uma solução técnica, e caseira
Raphael Silva Salgado, nomeado por Castro na presidência do Departamento de Transportes Rodoviários em substituição a Leonardo de Lima Matias, já era assessor na presidência do Detro.
Assim como na escolha da nova secretária estadual de Transportes, a advogada Priscila Sakalem, o governador preferiu uma saída técnica — e não política — para a crise.
A escalada da crise com a família Reis
O desgaste de Washington Reis com a Assembleia Legislativa começou quando o então secretário e presidente do MDB passou a se apresentar como candidato a governador em 2026. Mesmo ainda inelegível por ter sido condenado por crime ambiental — mas se dizendo confiante nos recursos apresentados à Justiça — Washington dizia abertamente que não apoiaria a candidatura de Bacellar, já anunciado por Castro como seu candidato à sucessão no Palácio Guanabara.
Os governistas na Assembleia, principalmente os deputados mais ligados a Bacellar, passaram a pressionar Castro pela demissão de Washigton — e de outros nomeados em cargos estratégicos, “que não seguiam a orientação e a liderança do governador”. Enquanto a base protestava, o secretário aparecia nas redes sociais ao lado do prefeito Eduardo Paes (PSD), o principal pré-candidato de oposição ao governo.
Como Castro não se movia, os deputados foram fechando o cerco. Aprovaram a convocação de Washington para depor na CPI, o que gerou um bate-boca público, durante sessão legislativa, entre Bacellar e o irmão do então secretário, o deputado Rosenverg Reis (MDB).
A crise culminou com a demissão do emedebista assinada e publicada por Bacellar, enquanto o governador titular estava participando de um fórum em Lisboa.