A ONG Rio de Paz recolocou, neste sábado (15), os cartazes de crianças vítimas de balas perdidas no memorial da Lagoa, na Zona Sul do Rio. A decisão de reinstalar as imagens foi tomada após uma reunião com o prefeito Eduardo Paes (PSD), que, em dezembro, havia ordenado a retirada dos cartazes no dia seguinte à sua instalação.
O retorno das fotos, aguardado por 45 dias, contou com a participação de familiares das vítimas, que se uniram no local para repor os cartazes e dar visibilidade à dor das famílias. O memorial conta com 50 rostos de crianças mortas entre 2020 e 2025, vítimas da violência armada no Rio.
‘Grande vitória’
O fundador da ONG Rio de Paz, Antonio Carlos Costa, destacou a importância do ato como uma luta democrática.
“Temos que ir à luta, porque aqueles a quem escolhemos para governar frequentemente não cumprem o que prometeram durante a campanha. E hoje [sábado] estamos conquistando uma grande vitória. Esse é um meio democrático de lutar pelo direito dessas crianças. Para isso, precisamos da sociedade civil e daqueles que nos governam”, afirmou Costa.
Paes promete criar memorial permanente
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Durante a reunião com as mães, a secretária de Meio Ambiente e Clima do município, Tainá de Paula, e integrantes da ONG, o prefeito pediu desculpas pelo ato e autorizou a recolocação das fotos. Além disso, Paes prometeu criar um memorial permanente em homenagem às vítimas da violência no Rio.
Bruna da Silva, mãe de Marcos Vinicius, que foi morto aos 14 anos por bala perdida em 2018, expressou sua emoção ao ver o memorial restaurado.
“Que esse espaço venha receber nossos filhos da melhor forma. Que os moradores cuidem de cada rosto e de cada memória. Esses dias foram muito angustiantes, mas o prefeito pediu desculpas às mães e familiares, à ONG Rio de Paz. Não queremos que mais rostos de crianças apareçam na Lagoa ou em nenhum outro lugar. O lugar de nossos filhos é junto de nós”, afirmou Bruna.
Encontro de familiares
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Entre os familiares, estava também Thamires de Assis, mãe de Ester de Assis, de 9 anos, morta em um confronto entre traficantes em Madureira, na Zona Norte. Thamires trouxe a filha Joana, irmã de Ester, para ver a foto da pequena, junto aos girassóis colocados no memorial.
“Elas eram muito ligadas, se pareciam muito e se amavam. Fico feliz com a volta da foto, pois é uma forma de ela ser lembrada. Quem olhar para a foto saberá quem é Ester. Retirar a foto dela foi muito triste, foi como se tivessem me arrancado ela novamente”, lembrou Thamires.
‘Estado tem responsabilidade nessas mortes’
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Outra familiar presente, Priscilla Menezes, mãe de Thiago Menezes Flausino, de 13 anos, morto por PMs na Cidade de Deus, Zona Oeste, em 2023, estava emocionada por ver o memorial restaurado.
“Para nós, familiares, é muito emocionante ver os rostos dos nossos filhos na Lagoa novamente, no local onde nunca deveriam ter saído. Essa é uma vitória da família junto à Rio de Paz. E o que mais queremos é que essa guerra acabe, que esse número de crianças mortas não cresça, e que o prefeito Eduardo Paes cumpra a palavra dele de construir o memorial. Mas, tudo isso é muito doloroso e o Estado tem responsabilidade nessas mortes”, concluiu Priscilla.