A Câmara dos Deputados decidiu suspender Glauber Braga (PSOL-RJ) por seis meses. Em sessão que entrou pela noite desta quarta-feira (10), foi analisado o pedido de cassação do mandato por quebra de decoro parlamentar. Foram 318 votos a favor, 141 votos contrários e 3 abstenções. Heloísa Helena (Rede), primeira suplente da federação PSOL-Rede no Rio assume a vaga pelo período da suspensão.
Glauber Braga quase perdeu o mandato por causa de um episódio ocorrido em abril de 2024, quando o parlamentar expulsou do Congresso, com empurrões e chutes, um integrante do Movimento Brasil Livre (MBL). O Conselho de Ética aprovou o pedido de cassação por 13 votos a cinco, em abril de 2025.
Nua articulação construída em plenário durante a tarde, aliados do deputado conseguiram reverter a cassação. A mudança foi uma grande vitória do psolista, dado que mesmo partidos da esquerda davam como quase certa a perda do mandato.
Na última terça-feira (9), Glauber Braga ocupou por cerca de duas horas o lugar de da Mesa Diretora no plenário da Câmara, em protesto contra a decisão do presidente, Hugo Motta (Republicanos-PB), de pautar o pedido. Por volta das 15h30, ele se sentou na cadeira de Motta. Conduziu a sessão normalmente, chamando outros deputados para discursar. Chegou a se levantar e voltou pouco depois das 16h, ocupou novamente a cadeira e anunciou que não sairia mais.
A TV Câmara cortou a transmissão. Jornalistas foram retirados do plenário pelos policiais do Congresso. As imagens da confusão foram registradas por celulares, muitos dos próprios parlamentares. Glauber Braga também foi retirado à força e, na confusão, a deputada Célia Xakriabá, também do PSOL, chegou a cair. Sâmia Bomfim, deputada do PSOL por São Paulo e mulher de Glauber, tentou evitar que ele fosse retirado. O deputado teve o terno rasgado. Após a retirada, Motta disse que Braga desrespeitou a Câmara e que mandou apurar “possíveis excessos” da segurança contra a imprensa.
Na mesma sessão em que suspendeu Glauber Braga, Câmara manteve o mandato de Carla Zambelli
O plenário da Câmara também decidiu, na mesma sessão, rejeitar a cassação do mandato de Carla Zambelli (PL-SP). Foram 227 votos a favor, 170 contrários e 10 abstenções; e seriam necessários 257 votos para a cassação.
A deputada foi condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por ter comandado uma invasão a sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). A sentença, de 10 anos de prisão, se tornou definitiva e sem possibilidade de recurso em junho. A parlamentar fugiu para a Itália. Dias depois de ser considerada fugitiva e procurada pela Interpol, Zambelli foi presa nos arredores de Roma. O governo brasileiro pediu a extradição da deputada, que ainda não foi analisada pela justiça italiana.
Heloísa Helena tentou se eleger deputada e vereadora pelo Rio, mas perdeu
Em 2022, Heloísa Helena disputou, pela primeira vez, uma vaga na Câmara pelo Rio. Apesar dos investimentos da federação, a alagoana obteve 38.161 votos, mas não se elegeu. Em 2024, tentou uma cadeira na Câmara do Rio, recebeu 11.971 votos e novamente ficou como suplente.
Ex-senadora, ex-vice-prefeita de Maceió, ex-candidata à Presidência da República, enfermeira e professora, Heloísa é uma das fundadoras do PSOL e foi a primeira presidente do partido.
Apesar de ser a beneficiada direta pela cassação, ela se manifestou nas redes sociais contrária à perda de mandato de Glauber, mesmo que isso lhe abra caminho para assumir uma cadeira na Câmara.

Colegas e militantes fizeram manifestação no Largo da Carioca, local onde o parlamentar costuma fazer prestações de contas
Manifestantes se reuniram em um ato no Largo da Carioca, nesta quarta-feira (10), para protestar contra a possibilidade de cassação do psolista.
O movimento se encerrou na Feira Estadual da Reforma Agrária promovida pelo MST.
A deputada Marina do MST (PT) participou e discursou durante o ato.
“Esse Congresso não nos representa e nós estamos ao lado do companheiro Glauber”, disse.

