Confraternização? Que nada! A sessão de encerramento dos trabalhos da Assembleia Legislativa (Alerj) este ano antecipou alguns dos embates que deverão acontecer nas eleições de 2026. Além disso, deputados governistas miraram a artilharia contra o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), virtual candidato ao Palácio Guanabara no próximo pleito.
A centelha para os ataques foi uma entrevista concedida por Paes ao site Pleno News, um dos principais meios de comunicação voltados ao público evangélico — eleitorado que tem recebido cada vez mais acenos do alcaide. O mandatário criticou novamente a gestão do estado na segurança e acusou deputados de influenciarem comandos de batalhões da Polícia Militar.
O deputado Alan Lopes (PL) desafiou o prefeito a citar os nomes dos deputados que teriam influência nas unidades policiais. Já Rodrigo Amorim (União) endossou o coro e disse que, caso o prefeito não dê os nomes, estaria cometendo prevaricação. Lopes ainda pediu que a Procuradoria da Alerj tome alguma medida em relação às falas de Paes.
Família Caiado como porrete
A ala governista ainda usou a família Caiado — do presidente da Câmara de Vereadores, Carlo, e do deputado Cláudio, ambos do PSD — como porrete para bater no prefeito. O presidente, Rodrigo Bacellar (União), cumprimentou Cláudio pelo retorno à Assembleia, após perder recentemente a secretaria municipal de Habitação.
“Se para lá acham que o senhor não tem utilidade, aqui o senhor tem”, afirmou.
Rodrigo Amorim, por sua vez, provocou. Afirmou que Eduardo Paes traiu a família Caiado e que Carlo seria um vice melhor do que Eduardo Cavaliere (PSD). Recém-nomeado líder do PL, Filippe Poubel também endossou a narrativa da suposta “traição”.
Cláudio Caiado, por sua vez, contemporizou e disse que preferiu retornar à Alerj para se aproximar de Bacellar. Contudo, ponderou que o fato de Paes ter sido reeleito em primeiro turno causa incômodo à ala governista da assembleia.
Luiz Paulo: o pacificador
Coube ao veterano Luiz Paulo (PSD) usar de sua experiência para tentar acalmar os ânimos. Ele chamou atenção para a situação delicada das finanças do Rio, cujo orçamento para 2025 prevê déficit superior a R$ 14 bilhões.
“Achei que hoje fôssemos ter um dia de afagos, de paz e confraternização. Quero aqui agradecer pela parceria de 2024, apesar de alguns arranhões continuamos com mesmo objetivo. O bem do estado está acima de tudo e 2025 será um ano importante para que a gente não perca esta direção. O Estado do Rio está acima das nossas divergências políticas. Não somos deputados de capital, somos deputados de 92 municípios”, pontuou Luiz Paulo.