Discípulo do MDB dos tempos da fartura de votos, o prefeito Eduardo Paes (PSD) quer mais é ser apoiado por todo mundo, e levar com ele os eleitores da esquerda, dos evangélicos, da direita, da coisa toda. Mas, o cesto do moço talvez seja pequeno para todos os ovos.
Se o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (hoje no Republicano) for candidato a presidente, é grande a chance de o PSD de Gilberto Kassab (e de Paes!!) ser uma estrela na coligação.
Afinal, Kassab, é secretário de Governo e braço-direito de Tarcísio.
Paes, o equilibrista
E o que o prefeito do Rio, que hoje anda para cima e para baixo com o presidente Lula (PT), faria diante deste cenário?
Os petistas mais à esquerda já andam ressabiados com o arrastar de asas do moço para os bolsonaristas — muitos ainda estão engasgados com as declarações de amor ao pastor Silas Malafaia, por exemplo. Então, os olhos estão atentos a qualquer movimentação do prefeito.
Ninguém, por enquanto, quer comprar uma briga real por hipóteses ainda não confirmadas.
Mas, pelo menos parte do PT não vai olhar de longe o jogo de equilíbrio do prefeito.
Em tempos de escassez de gestores públicos preparados, é bem possível que Eduardo Paes esteja prestes a realizar o antigo sonho de chegar ao governo do Estado — e, quem sabe, mirar ainda mais alto, na Presidência da República.
Paes vem de uma formação administrativa rara: foi subprefeito, vereador, deputado federal e agora governa o Rio pela quarta vez. Ninguém duvida da sua capacidade técnica nem da habilidade em despachar processos e montar equipes. Mas há um ponto delicado em sua trajetória — ele só sabe administrar com dinheiro em caixa. E quando o dinheiro falta, recorre ao velho e perigoso caminho dos empréstimos, mais empréstimos e mais empréstimos.
O problema é que o Estado do Rio já está na UTI financeira, dependendo de ajustes e renegociações constantes com o governo federal. Se Eduardo Paes repetir no governo estadual o mesmo modelo de gestão que aplica na prefeitura — baseada em endividamento — podemos estar diante do colapso definitivo das contas públicas fluminenses.
De todo modo, coragem ele tem, e isso é inegável. Em um cenário de medo, conveniência e omissão, ele é dos poucos que se colocam para o jogo. Por isso, o que nos resta é orar para que, se um dia chegar lá, mude o seu modus operandi e administre com mais prudência.
Essas alianças amplas — ora com a esquerda, ora com a direita, ora com o meio — são parte de uma estratégia antiga de quem tenta agradar a todos e sair por cima. Mas, amanhã, quando ele se sentar na cadeira de governador, ninguém poderá dizer que não participou desse processo.
A direita, se quiser realmente disputar o poder, precisa se posicionar já, com nomes fortes e corajosos. Temos quadros como Washington Reis, que conhece bem a máquina pública, e outros que podem se preparar para o desafio. Mas é preciso decisão.
Porque, no ritmo em que as coisas vão, o único que está se apresentando com coragem e apetite de gestão — mesmo que seja por projeto pessoal — é Eduardo Paes. E coragem, convenhamos, é o que anda faltando no meio politico o que vemos é meia dúzia de fanfarrão…