A Secretaria municipal de Transportes abriu a concorrência que vai começar a redesenhar a operação dos ônibus no Rio. De acordo com a publicação, no Diário Oficial desta sexta-feira (17), os envelopes com as propostas para os três primeiros lotes, todos na Zona Oeste, serão abertos em 10 de dezembro. O novo modelo para o transporte de passageiros por ônibus na cidade, batizada de “Sistema Rio”, começou a ganhar forma em 2022, quando o BRT passou às mãos da Mobi-Rio. Outro passo importante foi a encampação da bilhetagem digital, com a criação do Jaé.
Para quem está de olho, a lição de casa é pesada. O custo total estimado do contrato para os três lotes ultrapassa os R$ 576 milhões. E a concorrência será fechada, com lances verbais só em caso de empate. Serão licitados os lotes A2 (local), com base em Santa Cruz; B1 (estrutural), em Campo Grande Norte; e B2 (local), também em Campo Grande.
Sairá vencedora a empresa que apresentar o menor valor da tarifa — combinado com a maior oferta de outorga. As empresas interessadas precisam dar um desconto na tarifa de referência para cada um dos três lotes. Apurada a proposta apresentada por cada concorrente, a disputa continua com a oferta de outorga — ou seja, quem pagar mais ao município para explorar o serviço, leva. É a velha necessidade de equilibrar o valor da passagem com a sustentabilidade econômica da operação.
Prefeitura vai ceder os terrenos para a instalação das garagens
A Prefeitura do Rio, que assumiu a desapropriação dos terrenos, vai ceder as áreas para as futuras garagens públicas dos ônibus. O custo da obra de implantação da garagem é da concessionária — mas a terra, que historicamente encarece o negócio, é do poder público. E deve ser devolvida no final da concessão.
Uma bela forma de atrair gente nova para a briga.
Os veículos novo serão do modelo Euro VI ou de tecnologia superior
A operação será dividida em fases. Tem a Operação Assistida (Rede de Entrada), que usa uma garagem provisória e até aceita ônibus usados — desde que passem na vistoria. Tem a Operação Plena (Rede Plena e Expandida), que exige frota nova (zero quilômetro) e a garagem definitiva pronta. Ponto para quem defende a renovação: nos novos ônibus, só entram os do modelo Euro VI ou de tecnologia superior.
Outro detalhe que merece lupa na concorrência é a remuneração: a concessionária será paga pela quilometragem rodada, com ajuste trimestral pela qualidade do serviço. É o fim da aventura de depender só do passageiro, com o município entrando com subsídio quando a receita da tarifa não for suficiente.
Resta saber se, na hora H, os tubarões do transporte vão morder a isca ou se a nova modelagem, com seus custos de implantação de garagem e exigência de frota moderna, vai afugentar a concorrência.
De olho no placar.
