Tem uma urna eletrônica no abre-alas da treta entre o deputado Dionísio Lins e a Liesa. Dionísio quer aumentar para 15 o número de escolas no Grupo Especial. Presidente da Liga Independente das Escolas de Samba, Gabriel David reage e diz só se construírem três novos barracões na Cidade do Samba e se entrarem mais R$ 40 milhões como subvenção.
O principal quesito em disputa, porém, não é nem harmonia, nem evolução — e, sim, o voto do mundo do samba. No atual mandato, Dionísio é um dos poucos, talvez o único, a defender os interesses das escolas na Assembleia Legislativa. Só que, nas eleições de 2026, a Liesa vai ter candidato próprio a deputado estadual: o diretor financeiro da entidade, João Felipe Drumond — neto do bicheiro Luizinho Drumond e vice-presidente executivo da Imperatriz Leopoldinense.
João Drumond, inclusive, também já se manifestou, nas redes sociais, contra o aumento do número de escolas no Grupo Especial. E fez coro com Gabriel David.
Disse que, para mudar, seria necessário ter mais estrutura e recursos. E para dar uma ideia da mega engrenagem da festa, citou os números divulgados pela prefeitura: o carnaval de 2025 movimentou R$ 5 bilhões na economia do Rio, bateu 99% de ocupação na rede hoteleira e vendeu ingressos para 160 países.
Se a pluma é pouca, meu esplendor primeiro
Lembrando que qualquer alteração no desfile do Grupo Especial precisa ser aprovado pela plenária da Liesa — formada pelas agremiações. Traduzindo: as 12 escolas que estão hoje na elite do carnaval carioca teriam que aprovar a entrada de mais três.
Cada uma das 12 vai receber, para 2026, em torno de R$ 13 milhões em subvenção. Então, seria preciso dar a cada uma das novatas R$ 13 milhões também — o que significaria um aumento de R$ 39 milhões na subvenção do desfile.
Daí os R$ 40 milhões de que fala Gabriel David.
Efeito colateral — ou reflexos na política interna do Grupo Especial
E ainda tem uma treta extra na disputa.
O povo do Grupo Especial já detectou o crescimento acelerado de um cartola da Série Ouro, Sandro Avelar — um advogado que tem influência hoje em oito escolas do acesso.
Quanto mais agremiações subirem à elite dos desfiles, mais forte o homem vai ficar. E ninguém quer ver o moço fortalecido e destacado — no reino dos eternos e tradicionais mandachuvas do carnaval.