A metralhadora da política do Rio não para de girar, e o alvo, agora, é o deputado estadual Rosenverg Reis (MDB), irmão do ex-secretário estadual de Transportes e presidente do MDB estadual, Washington Reis. Um grupo governista está decidido a apear Rosenverg da primeira-secretaria da Assembleia — o segundo cargo mais disputado do legislativo fluminense. A ideia é colocar Val Ceasa, do PRD, no lugar.
Desavenças com Washington levaram o presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar (União), quando governador em exercício, a exonerar o então secretário durante a ausência do titular, Cláudio Castro (PL). A atitude gerou uma crise de grandes proporções, que culminou com a decisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) de não apoiar, nas eleições do ano que vem, nem Bacellar, que será candidato a governador; nem Castro, que vai disputar uma vaga ao Senado. Apesar de um pedido do senador Flávio Bolsonaro (PL), Castro se recusou a reintegrar Washington ao governo quando volto de viagem ao exterior.
Rosenverg está na mesa diretora desde que Bacellar foi eleito presidente da Assembleia, em 2023. Na ocasião, o principal candidato à vaga era Val Ceasa. Mas, na montagem da chapa, o mandachuva do União decidiu prestigiar justamente Washington, um líder político com muita expressão em Caxias e na Baixada Fluminense. Em fevereiro deste ano, quando se reelegeu com a unanimidade dos votos, Bacellar decidiu manter os acordos firmados dois anos antes — e Rosenverg continuou na primeira-secretaria.
Para manter o irmão de Washington na mesa, o presidente teve que enfrentar a insatisfação de alguns de seus pares. O PL, partido que tem a maior bancada no Largo da Carioca, reivindicou o posto. O União Brasil, partido do próprio Bacellar e o segundo maior, também. Até o PSOL, maior representação da esquerda na casa, quis a vaga que o presidente destinou a Rosenverg. Sem contar Val Ceasa, claro.
Rosenverg bateu boca com Bacellar no plenário da Alerj
A insatisfação do presidente da Alerj e do seu grupo de deputados estaduais começou quando Washington Reis passou a dar entrevistas dizendo que não pretendia apoiar a candidatura de Bacellar ao governo do estado — e que ele próprio pretendia lançar o seu nome, caso conseguisse vencer um processo na Justiça que o deixa inelegível. Paralelamente a isso, o secretário passou a circular ao lado do prefeito Eduardo Paes (PSD), o principal pré-candidato da oposição. Os deputados cobraram do governador que demitisse Washington, mas Castro não se moveu.
A temperatura foi subindo.
Antes da exoneração, a crise escalou quando o plenário da Assembleia aprovou, sob a batuta de Bacellar, uma convocação para o então secretário depor na Comissão da Transparência, a mais bélica da casa. Foram 58 votos favoráveis à convocação e apenas 1 contrário — de Rosenverg, claro. Em seguida, houve uma discussão ríspida entre o presidente e o primeiro-secretário.
Rosenverg disse que era Bacellar era o “xerife do estado” e, sob ameaça de ter o microfone cortado, o chamou de “ditador”. Bacellar revidou. Disse que “acabou o tempo” de Rosenverg achar que o irmão “manda no estado” e que não iria aceitar ataques pessoais.
“Comigo não vai não! Não me confunde com o Cláudio Castro, não”, encerrou o presidente.