Os desentendimentos entre o deputado federal Marcos Tavares (PDT) e a família Reis — que manda chover e parar de chover em Duque de Caxias há décadas — escalaram ao ponto máximo de tensão política. Alegando que Tavares — que integra a base do governo — está prejudicando a administração municipal, com cobranças por mais espaço e criticas ferozes, o prefeito Netinho Reis (MDB) anunciou aos mais próximos que vai exonerar, ainda nesta terça-feira (24), os indicados pelo deputado.
Inclusive a irmã do homem e vereadora eleita, Michele Tavares (MDB), que desde abril ocupa a Secretaria municipal de Proteção Animal.

Nesta segunda-feira, o secretário estadual de Transportes, presidente do MDB e mandachuva político da cidade, Washington Reis, aproveitou o palanque de inauguração da nova sede da Guarda Municipal, em Caxias, para falar do deputado. E com palavras nada amigáveis.
“Não dá para ouvir vaia de quem não fez nada. Eu fico ‘puto’ de ouvir o cara dizer que vai fazer uma crítica construtiva. Se não construiu nada, vai fazer uma crítica construtiva como? Só aceito crítica construtiva de quem construiu alguma coisa”, disse o poderoso.
Críticas à taxa de iluminação pública cobrada em Caxias
A treta foi acirrada há dias, quando Tavares prometeu elaborar um projeto de lei complementar para autorizar e estimular os municípios a revisarem os critérios de cobrança da Contribuição para Custeio da Iluminação Pública (CIP). A proposta tornou-se uma plataforma para criticar Caxias.
De acordo com o deputado, o município já alcançou a modernização de praticamente 100% de seu parque de iluminação pública com tecnologia LED — ou seja, avançou em eficiência energética e economia. Portanto, deveria baixar a taxa.
A prefeitura, porém, afirma que bancou a modernização sozinha, investiu e precisa agora manter a arrecadação dos recursos.
Alvo da ira dos aliados de Bacellar
Como pano de fundo da treta, claro, está a política.
Apesar de integrar a base do governo de Cláudio Castro (PL), Washington se recusa a declarar apoio ao candidato do governador à sua sucessão, o presidente da Assembleia Legislativa, Rodrigo Bacellar (União). Em entrevistas, o secretário diz que também é candidato a comandar o Palácio Guanabara.
A turma mais próxima a Bacellar, inconformada com a rebeldia do secretário, tem se revezado ao microfone da Alerj pedindo a exoneração do homem e de todos os indicados pelo MDB.
Aliadíssimo a Bacellar, Tavares fez um evento em apoio ao presidente da Assembleia em Caxias. E radicalizou o discurso, assumindo as críticas aos Reis dentro do município da Baixada.