ATUALIZAÇÃO às 14h, com a nota do Instituto Rio Metrópole e a resposta de Dr. Serginho.
A Polícia Federal iniciou, na manhã desta quarta-feira (16), a segunda fase da Operação Teatro Invisível, como parte da investigação sobre uma organização criminosa acusada de fraudes eleitorais no Estado do Rio. Entre os principais alvos estão o prefeito de Cabo Frio, Dr. Serginho (PL); o deputado estadual Valdecy da Saúde (PL); Aarão Reis (PP); Rubão (Podemos); e o presidente do Instituto Rio Metrópole, Davi Perini Vermelho (PSDB), o Didê.
A operação cumpre dez mandados de busca e apreensão em cinco cidades: Cabo Frio (Região dos Lagos), Itaguaí (Baixada Fluminense), Mangaratiba (Costa Verde), Rio de Janeiro (capital) e Juiz de Fora (Minas Gerais). A Justiça determinou o bloqueio de R$ 3,5 bilhões em bens e a suspensão das atividades econômicas de oito empresas envolvidas.
Os alvos
Dr. Serginho (PL): Prefeito de Cabo Frio.
Valdecy da Saúde (PL): Deputado estadual; foi candidato derrotado à Prefeitura de São João de Meriti em 2024.
Aarão Reis (PP): Ex-prefeito; disputou a eleição em Mangaratiba em 2024 e foi derrotado.
Rubão (Podemos): Candidato mais votado em Itaguaí em 2024, mas impedido de tomar posse; ainda aguarda decisão do STF.
Davi Perini Vermelho, o Didê (PSDB): Presidente do Instituto Rio Metrópole; já foi preso em 2020, durante a pandemia da Covid-19, por fraude na compra de respiradores.

O que diz a investigação
Segundo a Polícia Federal, o grupo é acusado de obstrução de justiça, caixa dois, fraudes em licitações e lavagem de dinheiro. Estima-se que o esquema tenha movimentado cerca de R$ 3,5 bilhões.
Esta nova etapa da operação é um desdobramento da primeira fase, realizada em setembro de 2024, que mirava uma quadrilha especializada em disseminar fake news contra candidatos a prefeito em várias cidades do estado. A sede do “Teatro Invisível” estava localizada em São João de Meriti, na Baixada Fluminense, mas a atuação se estendia a outros 12 municípios.
Com a análise do material apreendido em setembro, a PF descobriu que os investigados tentaram destruir provas, principalmente digitais, para dificultar o avanço das investigações. Além disso, identificou o uso de recursos não declarados à Justiça Eleitoral para impulsionar campanhas em 2024 e a participação de empresas em licitações fraudulentas em cidades do estado.
A PF continuará a investigação para identificar outros envolvidos e crimes relacionados. Se forem condenados, os investigados podem pegar até 27 anos de prisão.
Sobre o ‘Teatro Invisível’
A primeira fase da Operação Teatro Invisível foi deflagrada pela Polícia Federal em 12 de setembro de 2024, com o objetivo de desarticular uma quadrilha especializada na produção e disseminação de notícias falsas contra candidatos a prefeito no estado do Rio. A base do grupo era em São João de Meriti, na Baixada Fluminense, e resultou na prisão de quatro pessoas.
O grupo criminoso contratava atores para encenar peças de teatro político nas ruas, com o objetivo de atacar adversários nas eleições. As encenações incluíam discussões entre “eleitores”, falsas denúncias de corrupção e cenas de vandalismo atribuídas a apoiadores de determinados candidatos.
As gravações, segundo a PF, eram feitas com celulares ou câmeras escondidas e, em seguida, disseminadas nas redes sociais com edições e legendas manipuladas para reforçar a falsa narrativa. Além das prisões preventivas, a Justiça autorizou, na época, 15 mandados de busca e apreensão e o bloqueio de R$ 1 milhão em bens de cada investigado.
O que dizem os investigados
O prefeito de Cabo Frio, Dr. Serginho (PL), publicou um vídeo nas redes sociais em que classifica o mandado de busca e apreensão como um “equívoco”.
“Hoje fui alvo de uma operação de busca e apreensão pela Polícia Federal. Nada de irregular foi encontrado em minha casa. Reafirmo que não conheço e não tenho qualquer relação com as pessoas ou empresas mencionadas. Trata-se de um equívoco da Justiça, e irei demonstrar com total transparência minha inocência”, disse, na legenda do vídeo.
O Instituto Rio Metrópole informou que está ciente da operação realizada na manhã desta quarta-feira e esclareceu que a ação policial não envolve o órgão. Além disso, o presidente, Didê, reafirmou “a inexistência de qualquer relação com o fato noticiado.”
“A operação realizada nesta manhã não envolve o Instituto Rio Metrópole e, conforme noticiado, tem como alvo a investigação sobre uma rede de desinformação que atuava em períodos eleitorais no estado do Rio de Janeiro; O presidente do Instituto Rio Metrópole, Davi Perini Vermelho, reafirma a inexistência de qualquer relação com o fato noticiado e que segue acreditando na justiça onde poderá se defender respeitando o devido processo legal”, informou.
O Instituto Rio Metrópole finalizou a nota reafirmando seu “compromisso com as políticas públicas desenvolvidas pelo órgão em prol da Região Metropolitana do Estado do Rio de Janeiro e, consequentemente, com a melhoria da qualidade de vida da população”.