Pouco mais de três meses após assumir a diretoria-executiva da Fundação Saúde, em plena crise da contaminação de transplantados com HIV, o ortopedista Marcus Vinícius Fernandes Dias vai deixar o cargo em fevereiro. Neste período, pôs os pagamentos em dia e coordenou a revisão de contratos. Depois de uns dias de folga, voltará ao Hospital Estadual Azevedo Lima, em Niterói — onde estava antes da nomeação.
Os mais cotados para substituir Marcus Vinícius são Carlos Enaldo de Araujo Pacheco, que atualmente toca a Diretoria Técnico-Assistencial da fundação; e Caio Souza, subsecretário estadual de Atenção à Saúde.
Fundação Saúde coroa trajetória de órgãos em crise
Servidor de carreira do Ministério da Saúde há mais de 15 anos, Marcus Vinícius é muito ligado ao Progressista, partido do ex-secretário de Saúde e deputado federal Dr. Luizinho. Bolsonarista e olavista, tem uma trajetória pública marcada por nomeações em órgãos que passam por graves crises.
Assumiu o Departamento de Gestão Hospitalar do Ministério da Saúde (DGH) no auge da Lava-Jato, depois de vários diretores serem presos. Em seguida, foi para o Instituto Vital Brazil, quando a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) interditou a fábrica de soro. Foi nomeado no Adão Pereira Nunes, mais conhecido como Hospital de Saracuruna, quando o então prefeito de Caxias, Washington Reis, entrou em guerra com o Secretário estadual de Saúde, Carlos Alberto Chaves.
Assumiu, pela primeira vez, o Azevedo Lima quando surgiu uma denúncia de desvio de doses da vacina contra a Covid envolvendo o diretor, Rogério Casemiro. Foi para Brasília no auge da pandemia; e voltou para o Azevedo Lima quando a organização social que administrava a unidade saiu sem pagar aos fornecedores e trabalhadores — e a Fundação Saúde assume, pela primeira vez, um hospital de emergência, com a chamada “porta aberta”.
Administração de mais de 50 unidades
Na Fundação Saúde, substituiu João Ricardo da Silva Pilotto, nomeado em 2021, ainda na gestão de Alexandre Chieppe. Pilotto permaneceu no cargo até outubro do ano passado, quando explodiu o escândalo da contaminação de transplantados pelo vírus HIV. Toda a diretoria pediu exoneração.
A Fundação Saúde é responsável pelo funcionamento de mais de 50 unidades de saúde do estado, e pela contratação do laboratório PCS Saleme para a realização dos exames para transplantes. O órgão foi acusado de erros em laudos que fizeram com que órgãos com o vírus HIV fossem liberados para serem transplantados. Pelo menos seis pacientes foram contaminados.