Afinal, “pra gringo é mais caro?”. Quem nunca escutou esse “mandamento”, certamente não frequenta as praias cariocas. No entanto, apesar de inserido na sabedoria popular do Rio de Janeiro e contar com inúmeros relatos inusitados nas redes sociais — com os próprios estrangeiros confirmando a teoria, e inventando sotaques para tentar escapar da “inflação” — o certo é que não está fácil para ninguém.
Quem gosta de aproveitar o dia de sol nas praias da Zona Sul tomando um mate, ou mesmo bebendo uma cervejinha, vem sentindo no bolso o aumento dos preços. Um levantamento feito pela FGV com dados do Índice de Preços ao Consumidor mostrou que a “inflação do verão”, que reúne itens como hospedagens, refeições, lanches, sorvetes, cervejas e refrigerantes subiu 5,05% em um ano. Acima da prévia da inflação de 2024 que ficou em 4,71%.
Para tirar a dúvida, o TEMPO REAL foi até a Praia de Copacabana, e realizou um experimento. Para tanto, contamos com a ajuda de um “gringo”, o húngaro Matt Horváth. Há pouco mais de um mês de férias na cidade do Rio, o estrangeiro, antes mesmo de aceitar o desafio, relatou sentir a diferença de tratamento dos comerciantes do Rio por não ser brasileiro. No entanto, o experimento surpreendeu tanto Matt quanto nossa equipe.
Para carioca também é caro
Matt escolheu tirar a prova com um vendedor de milho. Ao se aproximar, perguntou em inglês quanto custava o produto, recebendo duas opções: o milho de R$ 15 ou o de R$ 20. E a tabela de preços se manteve, tanto para Matt, quanto para o TEMPO REAL. Além de todos os outros clientes que procuravam a carrocinha de milho.
O vendedor era Diogo, de 22 anos. Morador de Queimados, ele conta que trabalha diariamente na Praia de Copacabana, chegando sempre às 8h, e ficando até a noite (ou até acabar o estoque de milho). Apesar de reconhecer a tendência dos colegas ambulantes em aumentar os preços dos produtos para quem vem de fora do país, Diogo garante que com ele não é bem assim. O melhor é definir o preço, mesmo que salgado, de forma igual para todos.
“Pra carioca é a mesma coisa, ninguém empurra o carrinho comigo”, brincou o ambulante. “Pra carioca ser mais barato? Tem essa não”, emendou.
Tá duro? melhor evitar a praia
Diogo, apesar de se declarar avesso à prática — e passar no teste do TEMPO REAL — defende que os colegas ambulantes podem (e devem) definir suas tabelas de preços com “liberdade”.
“Tem os que cobram R$ 10, os que cobram R$ 15, os que cobram R$ 20. Cada pessoa fala o seu valor. A pessoa está apta a comprar? Eu falo meu valor, se a pessoa quiser comprar ela compra”, opina o vendedor de milho.