Sete de Setembro. Além da Independência do Brasil, a data representa outro marco histórico, para o Rio de Janeiro, os 80 anos da inauguração de uma das mais importantes vias da cidade: a Avenida Presidente Vargas.
Inaugurada em 7 de setembro de 1944 como uma das obras faraônicas do presidente Getúlio Vargas, a avenida tornou-se uma das principais conexões entre o Centro e a Zona Norte, ligando a Praça da Bandeira à Candelária.
Ao longo de seus quase quatro quilômetros de extensão, há ícones cariocas como o Sambódromo da Marquês de Sapucaí, a Central do Brasil, o Campo de Santana e o Centro Administrativo São Sebastão, sede da prefeitura. Além disso, na Presidente Vargas há ônibus e metrô para os mais diversos pontos da cidade e da Região Metropolitana.
É praticamente impossível imaginar um Rio de Janeiro sem a Presidente Vargas. O TEMPO REAL conversou com Sydnei Menezes, presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Rio (CAU/RJ), que sublinhou a importância da via para o cotidiano do carioca.
“A Presidente Vargas foi construída e pensada como uma importante ligação entre o Centro e a entrada do Rio. Ela tem um valor muito importante para a estrutura urbana de toda a cidade”, disse.
Menezes ainda salientou a complexidade da construção, visto que, nos anos 1940, o Rio já tinha uma malha urbana definida. Sendo assim, a construção de uma avenida com tamanha extensão e largura seria ainda mais difícil de se concretizar.
“Uma das grandes obras de engenharia e urbanização foi a Presidente Vargas. Uma avenida com 4 km de extensão, 80 metros de largura e construída em cima de uma malha urbana existente. O Rio sem a Presidente Vargas seria um caos. Ela é fundamental. “, destacou.
Avenida inacabada
O presidente do CAU/RJ pontuou que, apesar da grandiosidade da Presidente Vargas, a avenida ainda está “inacabada” em seu entorno urbanístico. Menezes explicou que áreas degradadas ao longo da via, como a da Central do Brasil, representam um vazio urbano e carecem de revitalização.
“Apesar dessa avenida já ser uma senhora, ela ainda não foi completada sob o ponto de vista de seu entorno urbanístico. Há uma consolidação na região da Candelária, nos anos 1970 veio o Centro Adminsitrativo, mas ainda falta a área da Central”, salientou.
Controvérsias
Embora o papel da Presidente Vargas seja crucial para a mobilidade carioca, sua construção foi cercada de controvérsias. Uma delas foi a derrubada de prédios e logradouros onde viria a ser construída.
“Tanto é que se considera, a nível de obras públicas, talvez a que tenha tido o maior índice de ‘bota abaixo’. Que é a atividade de derrubar, sem critérios, as edificações existentes”, acrescentou Sydnei Menezes.
Entre as áreas extintas para dar lugar à Avenida Presidente Vargas está a Praça Onze original. O local, explica Menezes, era um dos berços do samba na cidade do Rio. Além disso, centenas de famílias que viviam na região foram desalojadas.
“Essa é uma crítica histórica de uma via concebida em um governo ditatorial, em pleno Estado Novo, pro Getúlio Vargas. Não se consultou a população e se destruiu áreas ícones da cidade, como a Praça Onze, berço do samba carioca”, completou.