A Delegacia de Atendimento ao Turista (Deat) concluiu, nesta sexta-feira (9), a investigação sobre a abordagem de policiais militares a quatro adolescentes – três deles negros, filhos de diplomatas -, em uma rua de Ipanema, Zona Sul do Rio. Para os investigadores, não houve “o crime de injúria racial. O caso agora foi encaminhado para o Ministério Público.
No relatório, a delegada Danielle Bulus Araújo diz que “nos depoimentos dos quatro menores abordados não foi relatado o uso de palavras ofensivas, xingamentos, palavras com cunho racial, palavras discriminatórias ou humilhante por parte dos PMs”.
As imagens de câmeras corporais dos policiais mostraram que eles haviam sido abordados por um turista estrangeiro, relatando que teria sido vítima de roubo de um cordão. De acordo com a delegada, os policiais militares “não elegeram suspeitos com base na cor da pele, estavam atrás de suspeitos seguindo a descrição de vítimas estrangeiras que tinham acabado de sofrer um crime na praia de Ipanema”.
No documento de 11 páginas a Deat conclui que “na abordagem não houve tratamento diferenciado para ninguém. Todos foram revistados, inclusive o adolescente branco teve a revista padrão da bolsa escrotal enquanto um dos menores pretos não sofreu a revista”.
Outro trecho do inquérito diz que “…como os policiais procuravam um cordão roubado e comumente os criminosos engolem cordões ou escondem na cueca, a revista se deu também nas partes íntimas seguindo o padrão de abordagem nesses casos em que se busca esse tipo de ‘res furtiva’ (produto do roubo). Do que se depreende das imagens obtidas e dos depoimentos prestados, não houve dolo do crime de injúria racial, modalidade típica do crime de racismo ou do próprio crime de racismo”.
Mãe critica abordagem
A mãe do rapaz branco que integrava o grupo, Raiana Rondhon, publicou um relato em suas redes sociais e criticou a abordagem.
“Com arma na cabeça e sem entender nada, foram violentados. Após a abordagem desproporcional, testemunhada pelo porteiro do prédio, é que foram questionados de onde eram. Os três negros não entenderam a pergunta, porque são estrangeiros. Após ‘perceberem’ o erro, liberaram os meninos, mas antes alertaram às crianças que não andassem na rua, pois seriam abordados novamente”, disse Raiana.