A Comissão de Defesa de Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) vai pedir à Polícia Civil a apuração das denúncias de que agentes da Polícia Militar intimidaram familiares do entregador de aplicativo Nilton Ramon de Oliveira, baleado à queima-roupa pelo policial militar Roy Martins.
Luiz Carlos de Oliveira, cunhado do entregador, se reuniu com a presidente do colegiado, deputada Dani Monteiro (PSol), na tarde desta quarta-feira (06). Segundo Luiz Carlos, policiais fardados tiraram fotos do rosto dele e da esposa, além de fizeram cerco na porta do Hospital Salgado Filho, no Méier, onde Nilton está internado na UTI.
“A família está com medo. Procuramos a Alerj para pedir ajuda. Não podemos viver com medo de represálias. O que aconteceu com ele não pode passar impune”, afirmou o cunhado, que tenta conseguir uma medida protetiva para os parentes.
Dani Monteiro disse que não viu a intimidação como um caso isolado, e garantiu que a comissão vai acompanhar o caso:
“Nossa principal tarefa é o acolhimento dos familiares e amigos porque a gente lida não só com a violação do direito humano e trabalhista de Nilton, mas também com ameaças e intimidações aos próprios familiares. Vamos oficiar a delegacia para acompanhar o inquérito e estamos em contato com a advogada que está cuidando do caso. É necessário garantir a proteção da família porque o agente que feriu Nilton ainda está em liberdade e em posse de sua arma”, afirmou Dani Monteiro.
Segundo o cunhado, o estado de saúde de Nilton era grave, mas agora ele está fora de perigo. O entregador passou por duas cirurgias após ter sido baleado na perna pelo policial militar, na última segunda-feira (04), em Vila Valqueire, Zona Oeste do Rio. A confusão começou depois que o entregador solicitou a devolução do pedido à loja, já que Roy havia se recusao a descer para receber a comida. O policial foi atrás de Nilton e, na discussão, o PM atirou no entregador. O disparo atingiu a veia femoral de Nilton.
Audiência pública
A presidente da comissão vai propor a realização de uma audiência pública para debater as condições de trabalhos dos entregadores por aplicativo. De acordo com a deputada, a plataforma pela qual Nilton trabalha registrou, em apenas em 2024, quatro mil denúncias de violência contra entregadores. Além disso, também há relatos de violência sexual contra entregadoras mulheres.
“A gente quer fazer uma audiência pública sobre o tema, trazendo não só o caso do Nilton, mas também outros. Queremos ainda fazer que sejam cumpridas algumas leis que já existem e também fazer novas. É importante que as plataformas se comprometam com a segurança dos entregadores e que sejam implementados pontos de apoio para os profissionais”, disse a deputada.