O inverno já chegou para os animais marinhos! A temporada dos encontros marcados com os animais que saem do sul e viajam pela costa brasileira começou. Nesta semana, alguns tubarões já foram avistados no litoral carioca.
Em um vídeo, divulgado nas redes sociais, um homem em uma moto aquática conseguiu avistar e gravar a barbatana de um tubarão mako. O registro aconteceu na última terça-feira (20), na altura do Posto 1 da Barra da Tijuca.
Não é incomum esses animais aparecerem por aqui. Na verdade, a migração de tubarões é bem corriqueira, principalmente a espécie galha-preta, e acontece no período entre maio e agosto. Mas não há motivo de preocupação: eles não fazem mal aos banhistas.
“Em geral, eles não oferecem nenhum perigo para nenhum banhista porque, geralmente, esses animais vão procurar fugir das pessoas. Vão evitar totalmente o contato. O risco pode existir a partir do momento que uma pessoa tenta pegar”, explicou o veterinário especialista em animais silvestres, Jeferson Pires.
Essa migração temporária dos animais marinhos é natural e não acontece apenas com tubarões. Os pinguins de magalhães, as baleias jubarte e algumas espécies de tartaruga ainda devem chegar para aproveitar o inverno carioca. No entanto, os períodos variam de espécie para espécie:
- Pinguim-de-magalhães (Litoral do RJ) – junho a novembro
- Baleia Jubarte (Litoral do RJ) – junho a agosto
- Tartaruga-cabeçuda (Litoral Norte do RJ) – setembro a março.
- Tubarões galha-preta (Ilha Grande) – maio a agosto
Migração em busca de águas mais quentes e alimentos
A migração anual pode ser explicada pelas águas mais quentes do litoral brasileiro, busca por alimentos, mudanças nas correntes oceânicas e também na busca de locais propícios para reprodução.
“Em geral, nessa época do ano, a corrente das Malvinas costuma ganhar muita força. Então, ela traz, juntamente com ela, uma série de alimentos. E é muito comum que essas aves e outros animais marinhos, incluindo o lobo marinho, focas, coisas do gênero, sigam esse caminho. Obviamente fica bem mais fácil para eles conseguirem acompanhar. E aí eles vêm atrás de alimento. Principalmente animais mais jovens, mais inexperientes”, detalhou Jeferson Pires.
O pesquisador do Instituto Mar Urbano, Nathan Lagares, explicou que, quando se trata das baleias jubarte, o deslocamento acontece porque essas gigantes dos oceanos buscam águas mais quentes para o ciclo reprodutivo — período que envolve acasalamento, nascimento e cuidado com os filhotes.
“Anualmente, esses animais percorrem longas distâncias desde as águas frias do Atlântico Sul até áreas tropicais, como a costa brasileira, em busca de ambientes propícios à reprodução e ao nascimento dos filhotes. Golfinhos, por outro lado, exibem deslocamentos mais localizados e variáveis, geralmente relacionados à disponibilidade de presas”, contou Lagares.
Também nesta semana, uma baleia-jubarte foi flagrada interagindo com um grupo de golfinhos. O registro emocionante chamou atenção dos internautas pela beleza que movimentou as águas de Arraial do Cabo, na Região dos Lagos.
O cansaço da viagem
Os motivos para a de migração e aproximação da costa por parte de animais marinhos são diversos e variam entre os grupos. Em muitos casos, a presença mais frequente de algumas espécies em regiões costeiras está relacionada à busca por alimento, mas não é regra.
Apesar de natural, a migração anual dos animais marinhos pode deixá-los magros e fracos. Isso se dá devido ao tempo de viagem e às longas distâncias percorridas.
“Já recebi animal, no passado, de 700 gramas de tão magro que estava, mas, em geral, é o peso médio que eles costumam chegar aqui, [pois estão] muito cansados, muito debilitados, cheios de parasitas e com diversos problemas”, concluiu Jefferson Pires.