As cidades de Silva Jardim, na Região dos Lagos, e Niterói, na Região Metropolitana do Rio, estiveram entre as dez mais quentes do Brasil nesta terça-feira (18). Mas o que explica essa onda de calor, que afetou essas cidades de forma mais intensa do que outras no mesmo estado? O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) aponta os fatores meteorológicos e geográficos responsáveis pelas variações de temperatura.
De acordo com o ranking, divulgado também pelo Inmet, o Rio foi o estado mais quente do país pelo segundo dia seguido. Entre os dez municípios mais quentes do país nesta terça, sete estavam localizados na região Fluminense.
Ranking das cidades fluminenses
Silva Jardim liderou a lista com 40,6°C, seguida de Niterói, com 40,5°C. Seropédica (Baixada Fluminense) ficou em terceiro lugar, com 39,7°C, enquanto Duque de Caxias (Baixada Fluminense), especificamente em Xerém, marcou 39,5°C, ocupando a quarta posição.
Cambuci (Noroeste Fluminense) apareceu em sexto lugar, com 39,2°C. Já o Rio de Janeiro (Região Metropolitana), na área de Marambaia, e Três Rios (Centro-Sul Fluminense) compartilharam a nona e a décima colocações, ambos com 38,4°C.
Silva Jardim e Niterói
Em relação a Silva Jardim e Niterói, o Inmet explica que diversos fatores contribuíram para as cidades terem registrado temperaturas tão superiores às de outros municípios vizinhos. São eles, principalmente, topografia, efeito urbano, ventos e umidade, anomalias atmosféricas e microclimas locais.
Topografia
De acordo com o Inmet, a topografia desempenha um papel crucial nas variações de temperatura entre as cidades. Silva Jardim, localizada mais para o interior do estado do Rio e em uma região um pouco mais elevada, está sujeita ao fenômeno da barragem de ar. Esse fenômeno ocorre em áreas de relevo acidentado, onde o ar quente se acumula, levando a temperaturas extremas.
Por outro lado, o Inmet aponta que Niterói está situada à beira-mar e, teoricamente, deveria ser beneficiada pelo efeito moderador do oceano, que ajuda a reduzir as altas temperaturas. Contudo, a cidade também experimenta o fenômeno da ilha de calor urbana, em que a concentração de construções e veículos contribui para o aumento das temperaturas.
Efeito urbano
O Inmet destaca que, em cidades com maior adensamento urbano, como Niterói, o calor tende a ser mais intenso. Esse fenômeno é conhecido como ilha de calor urbana, e ocorre devido à grande quantidade de superfícies que retêm calor, como concreto, asfalto e prédios. Esses materiais, por sua vez, liberam o calor acumulado lentamente, mantendo as temperaturas elevadas, mesmo após o pôr do sol.
Ventos e umidade
Outro fator importante para as variações de temperatura, de acordo com o instituto, é a umidade do ar. Silva Jardim, por estar mais afastada da costa, tende a ter uma umidade relativa mais baixa. A ausência de ventos marítimos e a menor influência da brisa do mar contribuem para um acúmulo de ar quente, levando a temperaturas mais extremas.
Já em Niterói, o Inmet explica que a proximidade com o mar traz uma constante umidade e ventilação que ajudam a atenuar um pouco o calor intenso.
Anomalias atmosféricas
Durante períodos de calor extremo, a presença de sistemas de alta pressão pode dificultar a movimentação das massas de ar, restringindo a circulação dos ventos e favorecendo o aquecimento local. Por isso, o Inmet destaca que a alta pressão atmosférica pode resultar em um acúmulo de calor em determinadas regiões, o que é exatamente o que vem ocorrendo no estado do Rio.
Microclimas Locais
Por fim, cada cidade possui características próprias que geram microclimas, como a vegetação, o uso do solo e outros fatores locais. Essas diferenças, segundo o Instituto de Meteorologia, podem causar pequenas, mas significativas, variações nas temperaturas.
O Inmet finaliza explicando que, apesar de pequena, essa diferença nas temperaturas entre as duas cidades reflete a complexidade na distribuição meteorológica do estado.
“Essa diferença de apenas 0,1°C entre as duas cidades pode parecer pequena, mas reflete a complexidade dos fenômenos meteorológicos e como a interação entre geografia, urbanização e condições atmosféricas pode afetar as temperaturas em regiões aparentemente próximas”, conclui.