O Estado do Rio terá seis representantes entre as 15 jovens atletas selecionados para um intercâmbio de duas semanas nos Estados Unidos. O Sports Visitor Program é realizado pelo Departamento de Estado dos EUA e tem a intenção de fomentar o desenvolvimento e o empoderamento feminino por meio do esporte. Além das participantes fluminenses, haverá representantes de Minas Gerais e do Distrito Federal. Todas têm entre 15 e 18 anos e são oriundas de áreas de vulnerabilidade social.
As seis fluminenses estão dividas entre as duas modalidades: o futebol e o flag football (similar ao pique-bandeirinha). Participam do futebol as atletas Ranna; Eduarda Vitória, a Duda; e Rafaely Cristina; as três são moradoras do Complexo do Muquiço, em Deodoro, na Zona Oeste do Rio. Já o flag football conta com a participação de Thayná e Sara, de Pedra de Guaratiba, também na Zona Oeste; e Ingrid, do Engenho de Dentro, na Zona Norte da capital.
A seleção ocorreu após o contato do governo americano com organizações já conhecidas por usarem o esporte como ferramenta de transformação social e de promoção da equidade de gênero, como o Instituto Bola Pra Frente e o Empodera. Alguns nomes foram indicados com base no perfil desejado pelo programa — garotas que, de alguma forma, se destacam em seu meio social, com histórico de prática dos esportes e perfil de liderança.
Para Ranna Côrtes, de 15 anos, a oportunidade de falar sobre esportes é algo que ela pretende para sua vida profissional, escolhendo uma carreira em Relações Internacionais ou Comunicação, que a permita levar o esporte brasileiro para além das fronteiras nacionais. Ela afirma estar muito ansiosa para conhecer as meninas de outros países: “São pessoas diferentes, cada uma com sua personalidade e vivências, me ensinado coisas distintas. E eu também vou passar coisas que eu sei daqui do Brasil, do Bola (Instituto Bola Pra Frente), meus conhecimentos. Estou muito ansiosa pra isso, e para o próprio projeto em si”.
Rafaelly Machado, de 18, assim como Ranna, não vê a hora de conhecer as meninas de outros países e outras culturas, e destaca que todas elas têm um ponto em comum: “Pessoas que gostam das mesmas coisas que eu, que é jogar futebol”. revela estar ansiosa e muito entusiasmada: “É uma grande oportunidade da minha vida. Estou me sentindo um pouco entusiasmada e feliz por já estar próxima”.
As mães das meninas vibraram com a escolha de suas filhas para participarem do intercâmbio esportivo. Morgana Brasil, de 35 anos, mãe de Eduarda, destaca que é uma realização única, pois ela não teria condições de arcar com as despesas se não fosse a gratuidade do programa. Dilcéia Côrtes, de 55 anos, mãe de Ranna, ressalta que a viagem é também uma oportunidade de enriquecimento cultural e de conhecimento.
Barreira da língua
A participação de brasileiras na iniciativa é inédita. Como o programa é oferecido em inglês, o idioma acabava sendo uma barreira para as participantes do Brasil. Na edição de 2024, a oferta da opção de intérprete/tradução para a língua portuguesa permitiu o acesso das meninas ao programa, que é 100% custeado pelo Departamento de Estado dos EUA.
Ao todo, serão duas semanas de participação em um acampamento esportivo temático — a primeira com foco no futebol e a segunda no flag football — com meninas de diferentes países, como Bangladesh, República Tcheca, Itália, Israel, Geórgia, Mauritânia, Níger, Taiwan, México e Angola. As selecionadas terão a oportunidade de participar de treinamentos esportivos; workshops; sessões sobre comunicação, oratória e trabalho em equipe; e visitas locais a fim de conhecerem melhor os Estados Unidos.
Para a adida cultural do Consulado Geral dos Estados Unidos no Rio, Kaitlin Turck, o programa é essencial para incentivar meninas a aprender sobre diferenças culturais, liderança e trabalho em equipe, incentivando a participação feminina no mundo esportivo: “Incentivar o acesso de mulheres ao esporte como ferramenta de transformação social é uma das nossas metas mais recompensadoras. Desejo boa sorte a todas as participantes”, concluiu Turck.