O primeiro mês nas duas únicas cidades do Rio comandadas por prefeitos interinos — presidentes de Câmaras de Vereadores que assumiram por conta do indeferimento dos vencedores das eleições — foi marcado por polêmicas.
Em Itaguaí, Haroldo Jesus (PDT) realizou exonerações em massa e nomeou parentes para cargos públicos. Em Natividade, Fabrício Mosquinha (União) propôs mudanças e recebeu farpas de Taninho, o mais votado em 2024, que foi candidato pelo mesmo partido.
Itaguaí
Haroldo Jesus assumiu interinamente a prefeitura de Itaguaí, na Costa Verde, por conta do indeferimento da candidatura do então prefeito, Rubem Vieira, o Dr. Rubão (Podemos), mais votado nas urnas em 2024. Sua gestão teve início com uma decisão polêmica: a demissão de mais de 2 mil servidores comissionados e o fechamento da prefeitura por 17 dias para realizar a transição administrativa.
O prefeito interino acusou Rubão de mentir ao afirmar que havia deixado R$ 100 milhões nas contas municipais. O por ora ex-mandatário nega a acusação. Haroldo afirmou que a falta de uma transição formal entre as gestões piorou a situação financeira da cidade, e declarou ter encontrado a prefeitura com um déficit de R$ 38 milhões.
Simultaneamente, Haroldo nomeou familiares para cargos-chave em seu governo, o que gerou ainda mais controvérsia. Sua tia, Zélia Maria Correia, foi nomeada para a Secretaria de Educação, enquanto seu irmão, Luís Roberto Jesus Segundo, assumiu a Secretaria de Saúde. Ambos são filhos do ex-deputado Beto da Reta.
Na próxima terça-feira (4), o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) irá julgar o recurso de Dr. Rubão para decidir se sua vitória nas eleições de 2024 configura um terceiro mandato. Caso o TSE aceite o recurso, Rubão reassumirá a prefeitura. Se o recurso for rejeitado, uma nova eleição será convocada em Itaguaí.
Natividade
Em Natividade, no Noroeste Fluminense, Fabrício Lima Coutinho, o Mosquinha, também iniciou sua gestão interina em meio a uma disputa judicial envolvendo o candidato mais votado nas eleições de 2024, Taninho, cuja candidatura foi indeferida pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) com base na Lei da Ficha Limpa.
Enquanto aguarda a decisão final do TSE sobre se Taninho poderá assumir a prefeitura pelos próximos quatro anos, sem data definida para a conclusão do julgamento, Mosquinha segue no cargo de prefeito interino. Caso o indeferimento seja mantido, novas eleições serão convocadas.
Na última semana, Mosquinha anunciou um aumento de 6,27% no salário dos professores da rede municipal, abrangendo servidores ativos, inativos e pensionistas, conforme aprovado pela Câmara Municipal em 22 de janeiro.
No entanto, o clima entre Mosquinha e Taninho não é favorável. Na segunda-feira (23), Taninho fez duras críticas à gestão interina nas redes sociais, chamando Mosquinha de “ex-aliado” e dizendo que está ansioso para “botar um basta”.
“Os conchavos e negociatas praticados por um governo interino, pelo poder e para o poder, executado por um ex-aliado, só nos mostram que nossa luta será maior do que imaginávamos. Planejamento zero, apenas politicagem barata. Ansioso para botar um basta”, escreveu.
Três Rios
Outro prefeito reeleito que está “pendurado” é o de Três Rios, no Centro-Sul Fluminense, Joa Barbaglio (Republicanos), reeleito com 60,99% dos votos válidos. Sua candidatura foi barrada devido à rejeição das contas de 2013, quando ele presidia a Câmara Municipal e era responsável pela ordem de despesas.
Contudo, o TSE concedeu efeito suspensivo para que Joa pudesse assumir o mandato, em 1º de janeiro. Só que, assim como os outros “pendurados” mais votados nas eleições de 2024, Barbaglio poderá ficar fora do cargo se a corte superior decidir manter o indeferimento do TRE.
O Tribunal Superior Eleitoral já definiu o calendário para a realização das eleições suplementares. As datas previstas são: 9 de março, 6 de abril, 4 de maio, 8 de junho, 6 de julho, 3 de agosto, 14 de setembro, 5 de outubro, 9 de novembro e 7 de dezembro.