Uma antologia da vivência na Baixada Fluminense, o livro “Trovoada” é a estreia da autora caxiense Priscila de Jesus, de 36 anos, conhecida também pelo apelido “Oprah da Baixada”. O livro, lançado pela editora Voante, da dramaturga Manuela Dias, é denso como seus significados, abordando temas como depressão, violência policial, enchentes e o sobreviver em detrimento do viver, uma sobreposição involuntariamente feita nos cotidianos de moradores das periferias.
A escritora fará uma noite de autógrafos na próxima quarta-feira (29) no Galpão Gomeia, em Duque de Caxias, Na Baixada Fluminense, a partir das 18h30. O evento conta ainda com uma sessão do Cineclube Mate com Angu. A música fica a cargo do DJ Cavalcanti.
A escrita foi uma forma de Priscila colocar para fora sua própria dor e o sofrimento de uma sociedade adoecida: “Tinha tanta coisa me sufocando que escrevi esses 70 poemas em apenas dois meses. Embora não fale só de dor, pois não posso ser reduzida às mazelas que me atravessam, é inevitável contabilizar que grande parte do que o livro traz não deveria existir”.
Ela agradeçe à mãe, Ivani de Jesus, por cultivar seu amor pela leitura e incentivá-la à educação: “Minha mãe dizia que, quando fechassem uma porta para mim, eu deveria meter o pé na parede e abrir uma”. Priscila cursa Pedagogia na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), no polo de Duque de Caxiais, e enxerga a educação como único ferramenta possível de transformação.
A obra de Priscila chegou à Manuela Dias através de uma ponte feita pelo diretor e roteirista Rafael Dragaud. Ele e a autora se conheceram há dez anos, quando ela soube que ele estava trabalhando com um grupo de jovens que vinham mudando suas histórias através da dança e da música. Ela fez contato pelo Facebook, trocaram mensagens, mas só se encontraram presencialmente meses depois.
Dragaud recomendou “Trovoada” a Manuela Dias, quando ela se preparava para lançar a editora Voante. Estava marcado o encontro entre a caxiense, uma mulher forte, com a roteirista que cria mulheres fortes – como a personagem Dona Lurdes, vivida por Regina Casé na novela “Amor de mãe”.
Foi dessa força interior de Priscila que nasceu seu apelido: “A Oprah é uma potência preta, que entra na vida das pessoas para apostar em seus talentos. Quero um dia ter dinheiro para fazer isso também, embora já faça sem grana. Sem falar que ela é uma das maiores comunicadoras do mundo, e desejo ter meu programa, com meu nome”, conclui.