Silvio Santos, morto neste sábado (17), será sempre lembrado por ser uma lenda da comunicação. No entanto, no final da década de 1980, tentou colocar seu talento empresarial e no palco a serviço da política, então dominada por nomes como Fernando Collor, Luiz Inácio Lula da Silva e Leonel Brizola.
Apesar de ser carioca, em 1988 chegou a ser fortemente cogitado como postulante à Prefeitura de São Paulo pelo então Partido da Frente Liberal (PFL). Na ocasião, no entanto, problemas vocais e o trabalho em suas empresas o fizeram declinar da empreitada.
Isto não significa que ele havia desistido completamente da política. Em 1989, a primeira eleição presidencial direta após o fim da ditadura militar teve Silvio como um dos pré-candidatos. Porém, antes do início da campanha, o animador decidiu não concorrer ao cargo mais alto da República.
Surpreendentemente, faltando poucos dias para o primeiro turno, Silvio Santos voltou à disputa. Tendo como vice o senador paraibano Marcondes Gadelha e com as bênçãos dos também senadores Edison Lobão e Hugo Napoleão, o apresentador assumiu a cabeça da chapa do nanico Partido Municipalista Brasileiro (PMB), que tinha como candidato o pastor evangélico Armando Corrêa.
No entanto, como as cédulas já tinham sido impressas e não haveria mais tempo para modicá-las, quem quisesse votar em Silvio teria de marcar o número 26 (código eleitoral do PMB), com o sobrenome de Corrêa ao lado. O apresentador, então, gravou seus programas eleitorais nos estúdios do próprio SBT ensinando seus eleitores a votarem nele.
As pesquisas realizadas no período colocavam Silvio em segundo lugar, indo ao segundo turno com Fernando Collor (PRN), desbancando os até então principais adversários pela vice-liderança, Lula (PT) e Brizola (PDT). No entanto, sua candidatura foi impugnada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) antes do pleito, sob alegação de irregularidades no registro do partido, Corrêa reassumiu a chapa do PMB e Silvio nunca mais voltou à política.