A sexualidade de pessoas com deficiência é tema da exposicão fotográfica Assexybilidade, aberta neste sábado (11) no Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica, localizado na Rua Luís de Camões, n°68, no Centro do Rio. A exibicão é gratuita e ocorrerá das 10h às 18h até o dia 8 de junho.
As 35 fotografias serão expostas a 1,10 metro de distância do chão, correspondendo à altura de pessoas com nanismo ou em cadeiras de rodas. O espaço vai contar com QR codes com versões de todos os textos em Libras ou audiodescrição.
A ideia da mostra nasceu de um documentário de mesmo nome do diretor e roteirista Daniel Gonçalves que aborda as mesmas questões. Gonçalves, que possui uma deficiência de origem desconhecida, o que afeta sua coordenação motora, gravou 26 entrevistas para o documentário. As que não entraram no material passaram a compor a mostra Assexybilidade.
Participaram das conversas, além de deficientes físicos, pessoas com espectro autista, surdos e com deficiência intelectual. As gravações do filme iniciaram em 2018, mas foram interrompidas pela pandemia. Ao todo, o longa terá 86 minutos e vai ser lançado no segundo semestre deste ano.
As imagens da exposição foram feitas por Letícia Laet e Gabvsky, duas mulheres com deficiência que atuaram também no auxílio aos modelos durante as sessões, o que refletiu no resultado das capturas ao gerar uma troca entre fotógrafo e fotografado.
O objetivo do projeto, tanto da exposição quanto do filme, é dar visibilidade ao lado sexual e afetivo das pessoas com deficiência. No texto da curadoria da mostra, Daniel diz, no trecho final: “Abordamos as experiências amorosas e sexuais vividas por nós. Rompemos paradigmas ao nos mostrarmos sem as amarras e os tabus que nos são impostos. Porque sim, nós fodemos!”.
A partir das entrevistas e das fotos, pretende-se debater sobre direitos sexuais e violência: “coisas que existem, acontecem muito, mas não se fala porque é tabu. O senso comum acha que a gente não tem desejo, que ninguém pode nos desejar quando, na verdade, é o contrário. Temos desejos, desejamos e podemos ser desejados como qualquer pessoa. O fato de não falar sobre isso de maneira mais profunda é que gera todos os tipos de abuso e assédio que acontecem”, concluiu o diretor.
A exposição e o documentário se complementam ao atuarem juntos na mesma proposta ainda que em diferentes formatos. O lançamento mundial do filme ocorreu em julho de 2023, no OutFest Los Angeles. Desde então, já participou de 22 festivais no Brasil e no exterior. A primeira exibição brasileira foi no Festival do Rio, quando recebeu o Prêmio de Melhor Direção de Documentário e uma menção honrosa do Prêmio Félix. Ele ganhou também os prêmios de Melhor Direção de Longa-Metragem, no Festival For Rainbow, em Fortaleza, e o Grande Prêmio do Júri – Melhor Longa-Metragem Documentário, no NewFest, em Nova York, ambos eventos de temática LGBTQIA+.