O vereador carioca Rogério Amorim (PL) apresentou um projeto de lei com potencial para pôr mais silicone na polêmica sobre os bebês reborn: o moço quer obrigar os “pais” dos bonecos a identificarem seus bebês com um cartaz, quando saírem às ruas: “objeto inanimado de aparência realista”.
“É crescente o número de relatos envolvendo confusão com crianças reais, gerando desde acionamentos indevidos de serviços públicos, como o Samu e a Polícia Militar, até constrangimentos em estabelecimentos comerciais, transportes coletivos e unidades de saúde”, justificou o vereador.
Mas o aviso só será necessário quando o boneco for levado às ruas, avisa.
“Tal medida não interfere no uso privado ou afetivo desses itens, tampouco representa censura ou limitação indevida a expressões pessoais”, esclarece.
O projeto de lei foi publicado, nesta quarta-feira (22), no Diário Oficial.


A nova onda
Os “bebês reborn” imitam características de crianças reais, como textura de pele, cabelo e até o peso. Os bonecos, que viralizaram recentemente nas redes sociais, chegam a custar até R$ 10 mil, a depender do material de fabricação. Quanto mais realista, mais caro sai para “adotar” seu reborn.
Nas redes, influenciadores compartilham as rotinas com os bonecos, e reproduzem cuidados maternos como troca de fraldas, colocar para dormir e até levar para o hospital
Mais uma dobradinha entre os irmãos Amorim
O vereador Rogério não é o único preocupado com a onda (e a polêmica) dos bebês reborn. Irmão do moço, o deputado Rodrigo Amorim (PL) quer discutir, na Assembleia Legislativa, se o hobby é, na verdade, um sintoma de adoecimento mental e se precisa de acompanhamento especializado.
O parlamentar protocolou um projeto de lei que institui um programa de saúde mental para os “adeptos” dos bebês reborns. De acordo com o texto, a proposta prevê uma parceria com ONGs, universidades e outras instituições, com o objetivo de oferecer atendimento “às pessoas que se consideram mães e pais de bebês reborn, prevenindo o adoecimento, a depressão e o suicídio”.
“Infelizmente, a moléstia mental tem feito pessoas se debruçarem para o tal do bebê reborn, que é, sem dúvida nenhuma, um transtorno mental e que deve ser tratado e encarado pelo poder público. Não é possível que crianças de verdade estejam sendo trocadas no afeto, no carinho, no entendimento como sociedade”, disse o parlamentar.
Câmara criou o Dia da Cegonha Reborn
No auge da polêmica que cerca os bonecos hiper-realistas, e na semana em que se celebra o Dia das Mães, os vereadores da Câmara do Rio aprovaram um projeto de lei sobre a tal maternidade, digamos, alternativa. O nobres criaram o Dia da Cegonha Reborn, que poderá entrar para o calendário oficial da cidade, numa homenagem às artesãs responsáveis por confeccionar bonecos com riqueza de detalhes.
De autoria do vereador Vitor Hugo (MDB), o projeto aguarda sanção ou veto do prefeito Eduardo Paes (PSD). A proposta reconhece a atuação de profissionais responsáveis pela concepção dos bonecos, posteriormente “adotados” pelos inúmeros adeptos da técnica. Conhecidas como “cegonhas”, os profissionais usam como base fotografias ou descrições idealizadas de bebês reais.