Os bebês reborn seguem sob disputa no Rio de Janeiro. E na última sexta (16), a prefeitura resolveu entrar no debate pelas redes sociais e tirar a dúvida: por mais que pareçam de verdade, os filhos de silicone não têm vez no Programa Cegonha Carioca, voltado ao cuidado com gestantes e recém-nascidos de carne e osso.
O anúncio é mais relevante do que parece. Nas redes, influenciadores compartilham as rotinas com suas bonecas hiper-realistas, feitas para parecerem recém-nascidos de verdade. Reproduzindo também cuidados maternos como troca de fraldas, colocar para dormir e até levar para o hospital em busca de atendimento médico.

A cegonha reborn não é carioca
De um lado, os entusiastas da prática de “adotar” bonecas hiper-realistas seguem firmes e contam, inclusive, com apoio na Câmara. Um projeto de lei que cria o Dia da Cegonha Reborn, uma homenagem às artesãs que confeccionam os bebês reborn, foi aprovada em segunda discussão e agora aguarda sanção (ou veto) do prefeito Eduardo Paes (PSD).
A proposta, de autoria do vereador Vitor Hugo (MDB), reconhece a atuação de profissionais responsáveis pela concepção dos bonecos, posteriormente “adotados”. Conhecidas como “cegonhas”, as profissionais utilizam como base fotografias ou descrições idealizadas de bebês reais.
Na outra ponta do debate, há quem veja o fenômeno como sintoma de adoecimento mental. O deputado Rodrigo Amorim (PL) protocolou um projeto na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), propondo a criação de um programa de saúde mental voltado especificamente aos “adeptos” dos bebês reborn.
Segundo o parlamentar, o hobby pode ser sintoma de um quadro de sofrimento psíquico e, por isso, mereceria atenção especializada. O texto prevê parcerias com universidades, ONGs e outras instituições para oferecer atendimento psicológico “às pessoas que se consideram mães e pais de bebês reborn”, com foco na prevenção do adoecimento, da depressão e até do suicídio.
“Infelizmente, a moléstia mental tem feito pessoas se debruçarem para o tal do bebê reborn, que é, sem dúvida nenhuma, um transtorno mental e que deve ser tratado e encarado pelo poder público”, disse o parlamentar, que também acredita que o vínculo pode ser uma espécie de “transtorno espiritual”.